Psicólogo Mayck Hartwig

Criatividade, genialidade e loucura: a ligação entre o transtorno afetivo bipolar e a criatividade.

Quem nunca ouviu por aí o mito do gênio louco?

O gênio louco está presente em diversas biografias de pessoas criativas de diferentes áreas do conhecimento. Exemplos como Vincent van Gogh, que, presumivelmente tinha Transtorno Afetivo Bipolar, Robert Schumann, que criou 12,3 hinos em média durante seus episódios maníacos, enquanto em média criou apenas 2,7 durante seus episódios depressivos, ou John Forbes Nash, um dos matemáticos mais importantes do século XX, que era diagnosticado com esquizofrenia paranóide.

Histórias do artista sofredor ou do cientista louco são frequentemente retratadas em livros, filmes e séries de TV, popularizando a ideia do gênio louco no público em geral. Apesar de o estereótipo do gênio louco não ser empiricamente verdadeiro, há de se considerar a ligação entre criatividade, superdotação e alguns transtornos mentais. 

Eu sou bem curioso em relação a esse tema e há algum tempo venho acompanhando publicações que discutem a relação entre criatividade e psicopatologia. Mas, até então, as evidências ainda são frágeis e em alguns casos contraditórias. 

No entanto, parece que isso vem mudando, recentemente li uma revisão sistemática de metanálise publicada por pesquisadores alemães e austríacos, onde eles discutem a relação entre potencial cognitivo criativo e o transtorno afetivo bipolar, especificamente.

Os resultados indicam que indivíduos com transtorno bipolar diagnosticado (fora de um episódio depressivo) realmente têm um desempenho ligeiramente melhor nas tarefas de pensamento divergente, indicando maior potencial criativo.

Além disso, o estudo indica que o transtorno bipolar não ocorre somente como um conjunto de deficiências, ao invés disso, algumas áreas, como o pensamento criativo, podem ser melhor desenvolvidas. 

Parece que a ciência vem evidenciando os potenciais de pessoas neurodivergentes. Certamente isso não isenta os desafios decorrentes das condições neuropsiquiátricas, mas, contribui para amortecer o auto julgamento negativo e um olhar mais afetuoso para si. 

O link de acesso ao texto completo do estudo pode ser acessado em: https://www.mdpi.com/1660-4601/20/13/6264

#neurodiversidade #bipolar #criatividades

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to Top